Há quase seis anos eu escrevi o meu primeiro texto num blog,
o Na próxima esquina. Um ano depois, eu fui convidada pra fazer parte dos 7cronistas crônicos e o mais recente foi o Enquanto espero, eu tenho guardado o meu amor. O esquina nasceu após a morte do meu ex
namorado, o 7CC surgiu com o convite de um amigo e blogueiro cujo objetivo
era reunir amantes da crônica e da língua portuguesa e o Enquanto espero marcou
a fase mais intensa de toda a minha existência: a gravidez e o curto tempo de vida do meu primeiro filho, o Cauê.
Todos esses blogs surgiram - e terminaram - por alguma razão especial ou num
momento importante da minha vida. Com o começo deste aqui não é diferente. Alguns meses após
a partida do Cauê, eu decidi retomar hábitos e rotinas que me faziam bem
e um deles foi a leitura. Eu separei umas poesias, contos e crônicas e me
deliciei sobre eles. A partir daí surgiu uma vontade enorme de reler os meus
textos, especialmente dos dois primeiros blogs. E eu fiz um verdadeiro passeio
dentro de mim, dos meus sentimentos, das minhas emoções e a cada texto lido,
aumentava a vontade de voltar a escrever.
Ao mesmo tempo, eu me deparei com o receio de me expor
demais e perder o controle da privacidade das minhas próprias experiências ou andar em círculos escrevendo muito sobre o que se tornou o centro de mim:
a vida do Cauê. Foi uma vivência muito forte e dolorosa e quase tudo que eu ouço,
vejo ou leio, eu contextualizo ao que vivemos. Um texto, uma música, um filme, uma
conversa, o meu pensamento só quer uma desculpa pra buscar abrigo na memória do
meu filho.
Por outro lado, escrever sempre foi muito mais do que é
um hobby pra mim. Escrever é algo que, definitivamente, faz parte do que eu sou
e a escrita, desde a infância, é uma grande e fiel companheira. O fato é que eu não
tenho a intenção de que este blog seja uma continuação do Enquanto espero, até
porque aquele blog era, literalmente, para Cauê. No fim das contas, eu acho que o que eu desejo escrever aqui eu preciso contar pra mim mesma. Talvez porque na tentativa de lidar com a morte, a gente arranje uma espécie de esquecimento, não da pessoa em si, mas da sensação que a gente tinha ao lado dela e eu não quero esquecer o que Cauê me proporcionou. Não quero esquecer do seu cheiro, do seu toque, do seu choro fraco e de todo amor que a gente trocou.
A chegada e a partida dele mudaram a minha forma de perceber o mundo e claro que isso vai se refletir em meus textos, mas eu também não tenho a intenção de inspirar ninguém, muito menos de entristecer quem acompanhe o blog quando eu colocar pra fora alguma lembrança retida. Eu penso apenas em usar a escrita como a minha boa e velha fonte de libertação. Afinal, eu nunca fiz ou participei de um blog motivada exclusivamente por mim. Sempre houve uma motivação "externa" e agora ela é absolutamente minha. Por mim e para mim.
Porém, se a minha escrita emocionar, motivar ou fizer alguém refletir sobre o que eu sinto através dos meus textos, a minha libertação terá repousado, talvez, no benefício de uma ação cuja conseqüência será muito, muito pessoal. E mesmo ainda um pouco perdida depois de tanto tempo distante, eu não sei ao certo onde foi que eu parei, eu só tenho a certeza de que eu quero e preciso muito escrever e recomeçar, ou recomeçar e escrever.
A chegada e a partida dele mudaram a minha forma de perceber o mundo e claro que isso vai se refletir em meus textos, mas eu também não tenho a intenção de inspirar ninguém, muito menos de entristecer quem acompanhe o blog quando eu colocar pra fora alguma lembrança retida. Eu penso apenas em usar a escrita como a minha boa e velha fonte de libertação. Afinal, eu nunca fiz ou participei de um blog motivada exclusivamente por mim. Sempre houve uma motivação "externa" e agora ela é absolutamente minha. Por mim e para mim.
Porém, se a minha escrita emocionar, motivar ou fizer alguém refletir sobre o que eu sinto através dos meus textos, a minha libertação terá repousado, talvez, no benefício de uma ação cuja conseqüência será muito, muito pessoal. E mesmo ainda um pouco perdida depois de tanto tempo distante, eu não sei ao certo onde foi que eu parei, eu só tenho a certeza de que eu quero e preciso muito escrever e recomeçar, ou recomeçar e escrever.
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